segunda-feira, 11 de setembro de 2017

NASCAR - Os playoffs estão começando

Aí está, a NASCAR tem seus playoffs prontos. Chicagoland, New Hampshire e Dover serão as primeiras corridas. 16 pilotos (Jamie McMurray, Brad Keselowski, Austin Dillon, Kevin Harvick, Kasey Kahne, Denny Hamlin, Ricky Stenhouse Jr, Kyle Busch, Matt Kenseth, Ryan Blaney, Chase Elliott, Ryan Newman, Kurt Busch, Kyle Larson, Jimmie Johnson e Martin Truex Jr) irão ter a chance de ganhar o grande (e pesado) troféu de campeão da temporada.

Enfim, sobre a última corrida da temporada regular, Kyle Larson saiu com a sua 5ª vitória da carreira (primeira que não em uma pista de 2 milhas) e Joey Logano, vice campeão da temporada passada, está fora dos playoffs de 2017, mesmo após uma forte 2ª posição de chegada em Richmond. Vale a pena lembrar que sua vitória na primeira etapa em Richmond foi impugnada. Quando os pilotos vencem uma corrida, eles estão automaticamente classificados para o Chase, mas Joey Logano foi reprovado na inspeção pós-corrida por irregularidades na suspensão de seu carro.

Martin Truex Jr tem uma enorme vantagem nessa primeira fase. Com 18 vitórias de segmentos, 4 vitórias e o título de campeão da temporada regular, Truex somou 53 pontos bônus para os playoffs, 20 a mais que o segundo melhor bonificado, Kyle Larson. Lembrando: Cada vitória de segmento vale 1 ponto e cada vitória vale 5 pontos bônus.

16 pilotos, 10 corridas, 4 finalistas, 1 campeão. A grande pergunta é: Quem será o campeão? Bom, daqui a 10 semanas teremos a resposta.

André Jamil

domingo, 10 de setembro de 2017

Motores híbridos - um tiro que saiu pela culatra

A grande revolução das competições automobilísticas dessa década se mostrou um grande fracasso. A FIA, desde a ascensão de Todt, promoveu o desenvolvimento dos híbridos com o intuito de aumentar a aplicação e evolução tecnológica do propulsores, por meio de sua implementação na F1 e também na principal categoria dos protótipos de endurance, a LMP1. Como resultado, desde 2014 a Fórmula 1 vive uma era de alarmante discrepância de desempenho entre as equipes, e, a partir de alguns anos antes, instaurava-se uma crise sem precedentes na principal categoria do WEC, e muito disso se deve aos motores híbridos.

A renomeada unidade de potência nunca vingou em nenhuma das categorias. Por mais que a F1 sempre foi palco de aplicações de novas tecnologias automotivas, o motor híbrido foi uma das mais caras (se não a mais custosa) de toda a história do esporte. O alto custo de desenvolvimento e a alta complexidade estrutural da engenhoca resultaram na debandada geral de montadoras da LMP1. A competição de endurance sempre foi marcada pelo incessante embate entre montadoras, exibindo inovações a cada edição das 24 horas de Le Mans, e hoje vê sua principal categoria mergulhada em uma crise desesperadora, enquanto as demais categorias - que não usam os motores híbridos - prosperam.

Já na F1, o atual panorama em relação à famigerada unidade de potência é assustador. Há um grande "hibridismo" no paddock (construtores e não construtores dos motores), provocado pela adoção de tal sistema: aquelas equipes que não fabricam seus próprios motores se tornaram completamente dependente das fabricantes. A maior evidência de tal covarde relação esportiva é o fato da renomada McLaren, fortíssima concorrente das equipes fabricantes, em condições normais, poder depender de um conselho administrativo para decidir seu fornecedor de motores.

Formaram-se, na prática, grandes empresas de F1, como a Mercedes, que voltou à categoria em 2010 com uma mentalidade empreendedora, com fins primários explicitamente lucrativos. Com o anúncio da alteração dos propulsores, em pouco tempo a marca alemã voltou seus objetivos para a construção da unidade de 2014, estabelecendo o domínio da categoria, lucrando com prêmios e com os clientes reféns.

Me pergunto por que não há um campeonato dos motores, estes sim valendo prêmios milionários (em vez do campeonato de construtores), para suprir os gastos estratosféricos do desenvolvimento dos propulsores. Além da questão financeira, muitas marcas poderiam ser atraídas para investir na categoria automobilística e fornecer motores para as equipes não fabricantes, desenvolvendo o motor em associação com o projeto completo do carro das equipes.

Contudo, resta agora aos fãs aceitar e abraçar os híbridos, já que as alterações do calendário do WEC para um futuro próximo é as propostas mudanças no regulamento das unidades de potência da F1 para 2021 sugerem que os híbridos vieram para ficar por algum tempo. Inclusive há a possibilidade de a McLaren se tornar construtora de motores (caso o custo para produção seja aceitável), solucionando, ao menos o maior problema da F1 promovido pela nova unidade de potência.

Guilherme Jamil

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Fórmula 1 - 5, 4, 3, 2, 1 e decolar! Digo... e é dada a largada!

Um acontecimento bem inusitado na sessão de qualificação do GP da Bélgica remete a uma questão intrigante, que nós fãs já estamos procurando a resposta há algum tempo: quem é um piloto de F1?

Com um equipamento assustadoramente lento, Fernando Alonso faz o possível para manter seu nome entre os melhores em todos os finais de semana. Desta vez, a falta de potência do motor Honda mais uma vez o prejudicava em suas voltas rápidas, sobretudo na longa reta Kemmel do circuito belga. Assim, para tentar descontar a desvantagem, Fernando contornou a desafiadora curva 12 (ou Pouhon) de Spa-Francorchamps sem tirar o pé do acelerador, o que muitos pilotos não conseguiam, mas em seguida seu carro perdeu potência.

Parecia normal (ainda mais se considerado o histórico recente de defeitos mecânicos da unidade de potência japonesa), se não fosse uma curiosidade absurda: o sistema ERS (um motor alternativo que recupera energia a partir da energia cinética a partir dos freios e energia térmica dos gases do escapamento) proporciona 160 cavalos de potência "extra" na impulsão do veículo. Contudo o sistema fica à disposição do piloto apenas 33,3 segundos por volta, isto é, bem menos do que o tempo gasto em uma volta em qualquer circuito. Logo, os pontos em que será utilizado tal sistema são definidos previamente a partir de simuladores e computadores (pessoalmente prefiro o termo artificialmente). No caso específico do piloto espanhol, o sistema era acionado, dentre outras maneiras, a partir da aceleração de Fernando, que possibilitava o reconhecimento eletrônico da posição do carro em relação à pista, e identificasse seus pontos de ação. Ao mudar o estilo de pilotagem em apenas uma curva (já que não contornava a Pouhon "de pé cravado" usualmente), a habilidade de um piloto único como o espanhol, foi suficiente para arruinar sua volta, uma vez que o sistema perdeu o referencial e não proporcionou a potência "extra" de 160 cavalos nos pontos programados em sequência.

Eis aqui uma reflexão: trata-se de uma corrida de carros, naves espaciais ou pilotos? Agora realmente estou confuso! Se fosse uma corrida de pilotos, venceriam apenas os mais corajosos que, em primeiro lugar buscariam estudar pontos específicos do traçado em que poderiam ser mais rápidos, (como nesse caso de Alonso); já se fossem carros: trata-se da única competição em todo o globo em que são utilizados milhares de comandos "extra-automobilísticos" que não acelerar, frear, virar o volante e passar marchas, alguns até realizados a partir de uma ação executada fora do "carro" em questão; sobrou apenas uma opção, e ao olhar para o volante (ou central de comando?) e para a unidade de potência (unidade de potência!) estou cada vez mais convicto de que é a certa.

Não desmereço aqui naves espaciais ou quaisquer outras máquinas fascinantes. Apenas fico assustado com a tamanha confusão: uma competição automobilística em que são utilizadas "quase-naves espaciais". Refiro-me ao fato de que as tecnologias hoje empregadas nos carros não são essencialmente mecânicas. Dentre as diversas engenharias, a que é primordial em um carro (desde os primeiros inventos no final do século XIX e início do século XX) é a mecânica. Atualmente, a tendência é contrária a isso, uma vez que os avanços eletroeletrônicos têm se tornado bem mais figurantes, o que não condiz com uma corrida de carros de Fórmula 1.

Aqui vale outra argumentação: os automóveis urbanos não necessariamente devem seguir à risca tais preceitos, uma vez que o objetivo é a locomoção mais eficaz e confortável (dentro do possível, mais rápida). Em uma corrida de carros de Fórmula 1 necessitam-se, obviamente de carros de Fórmula 1: aqueles mais puros e mecânicos, que constituem toda a gloriosa história do esporte e que seus fãs tanto amam. Então é necessário, para que retornem o motor à combustão, o volante e o piloto, quebrar um paradigma histórico: desatrelar pesquisa e desenvolvimento tecnológico (aplicadas em sua maioria nos automóveis particulares) dos carros de F1. Qualquer aplicação de progressos da engenharia nesse quesito resultaria (se já não resulta) em uma categoria bem diferente do que já foi a tradicional F1.

No embate entre pilotos, motores e carros contra engenheiros, unidades de potência e naves espaciais fico com o primeiro lado.

Guilherme Jamil