segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fórmula 1 2016 - Muito aprendido; muito a se aprender

Durante a escuridão surge a luz da esperança após o campeonato de 2016. O melhor dos últimos anos e da era híbrida indiscutivelmente. Há algum tempo já não se esperava ansiosamente por um GP, não se parava todos os afazeres para ligar a televisão e assistir de pé à uma corrida empolgante.

Obviamente a Fórmula 1 já foi muito mais do que é hoje, tanto em termos de competitividade como em audiência, etc.. Visivelmente as corridas de hoje em dia não são as mesmas de anos atrás em que vários carros de desempenhos muito semelhantes disputavam cada curva, cada metro da pista, cada segundo e todas as corridas eram um verdadeiro espetáculo de competição automobilística do mais alto nível. Entretanto, todo grande fã do esporte, independentemente de politicagem, regras e punições estúpidas, alto emprego de tecnologias que diferenciam muito o desempenho dos carros e outros semelhantes fatores, se comoveu com o campeonato. A cada etapa do calendário o cenário mudava, e mesmo que apenas entre pilotos em circunstâncias parecidas, Hamilton e Rosberg trouxeram fortes reminiscências de campeonatos outrora já vistos. Pessoalmente, confesso que poucas vezes presenciei uma disputa pelo título até as últimas curvas do ano, e para quem fica na expectativa durante semanas para a próxima corrida, há poucas sensações melhores.

Particularmente defendo a atuação de Hamilton para tentar garantir o tetra campeonato. É justo que o líder controle o ritmo da corrida, assim como no futebol, na NFL, baseball e basquete, o time que possui a vitória parcial pode adotar a estratégia de controlar melhor o rumo da partida em seu favor. Claramente em um ritmo mais lento do que o próprio limite, O inglês tinha plena consciência da vantagem de sua máquina (e da de Rosberg) em relação às demais. Para não depender de um erro grotesco de Nico para se sagrar campeão, a decisão de Hamilton de focar no título e não na vitória é completamente compreensível, uma vez que ser campeão está acima de qualquer vitória para a maioria dos que possuem o sonho de tal glória, e certamente para Lewis. Compreendo o julgamento por parte dos espectadores como atitude antidesportiva, mas pessoalmente não a julgo como tal, partindo do pressuposto que foi apenas a estratégia legalmente permitida adotada por Hamilton.

A Fórmula 1 se despede de 2016 muito mais fortalecida em relação à etapa de Melbourne. Foi mostrado para o mundo inteiro um verdadeiro espetáculo de pilotagem em inúmeras ocasiões (com menção honrosa para o GP do Brasil, dada as circunstâncias meteorológicas), o que realmente contagia o público. 2016 foi um ano de quebra de recorde por parte da Mercedes: 19 vitórias em uma temporada, história sendo escrita. Um campeão inédito, traçando os traços do pai Keke, Nico escrev seu nome nas memórias do esporte ao repetir o feito de Damon Hill. Uma gigante ascensão por parte da Red Bull e com destaque para todo o time de Christian Horner, que fez o carro evoluir, mas também os pilotos, sobretudo Verstappen. A apresentação do circuito único e muito desafiador de Baku, que indubitavelmente apresenta enorme potencial para proporcionar eventos históricos. Infelizmente também foi um ano de despedidas (Button e Massa), que certamente farão muita falta ao paddock dos GPs. A ascensão dos jovens também merece ser destacada, como o derradeiro desempenho de Nasr na "corrida da casa", garantindo o suporte que sua equipe tanto necessitava. 

Com a expectativa para 2017 desse nível, só o grande fã do automobilismo e a própria Fórmula 1 tendem a ganhar. Ainda se tem muito a evoluir, mas muito obrigado ao circo de 2016!



Guilherme Jamil

sábado, 3 de setembro de 2016

Fórmula 1 - Dinheiro, o mal desnecessário

A categoria tão reconhecida e amada dos anos 70, 80, 90 e 00 infelizmente não existe mais. Uma pena que a emoção das disputas por posições, o jogo de estratégia e a inteligência e uso da mecânica - principalmente por parte de pilotos - não são mais parte da rotina de domingo de manhã. A Fórmula 1 se tornou o local de testes de estratégias financeiras e aplicações das inovações de eletrônica e aerodinâmica.

Há muitos anos já se tornou impossível um grande fã da categoria montar sua própria equipe e realizar o sonho de se tornar campeão mundial. O que dizer então dos próprios pilotos construir o equipamento campeão? Tomando esse rumo, nunca mais existirão Jack Brabham, Bruce McLaren, Graham Hill, Frank Williams, Colin Chapman, Ross Brawn, entre outros que seriam muito mais influentes que um grupo de empresários, engenheiros e pilotos de simulador. Dietrich Mateschitz e Vijay Mallya fizeram seus investimentos na hora certa - e hoje possuem equipes bem sucedidas no grid - visto que equipes recentemente fundadas enfrentam dificuldades financeiras gravíssimas e muitas não se sustentaram na categoria, como foi o caso da HRT e da Caterham além da Haas (do grande proprietário Gene Haas, que é dono de uma equipe de ponta na NASCAR em associação com Tony Stewart, e possui uma maior sustentação no automobilismo graças à isso) e a Manor (que, em tese, também faliu e foi "doada" às equipes de ponta como Mercedes e Ferrari, empregando jovens e promissores pilotos da base dessas equipes em troca de uma ajuda no desenvolvimento de seu carro).

Todos esses problemas com as equipes têm uma causa em comum: os custos estratosféricos para se montar e manter uma equipe competitiva. O diretor da categoria, Bernie Ecclestone, é o grande responsável por toda essa desestruturação da categoria. Atuando como dirigente da categoria desde o final dos anos 70, Bernie Ecclestone passou a negociar os direitos de transmissão das corridas e foi arrecadando cada vez mais com o passar dos anos. Ele se enriquecia cada vez mais e as equipes arcavam com os altos custos. Com a crise financeira de 2008 e a debandada em massa das montadoras, os custos ficaram e empresários não conseguem se sustentar, consequentemente a categoria também não. Apenas Bernie Ecclestone... Bernie se empoderou com a Fórmula 1 e a destruiu para isso. A perspectiva é de decadência exponencial da maior diversão de muitos pelo mundo afora, até que se acabe o reinado de um mísero aproveitador.

Uma das poucas soluções seria uma maior intervenção de ex-pilotos (há alguns que já o fazem, como Jackie Stewart e Niki Lauda), já que estes têm maior experiência e moral para lidar com a situação. Já passa da hora de campeões do mundo controlarem a situação antes que seja tarde demais (se é que já não é) e tragam a Fórmula 1 de volta: com carros mecânicos (com menos protagonismo da aerodinâmica e eletrônica), desenvolvidos por pilotos e engenheiros (e não por proprietários e gerentes), de um custo muito mais baixo e, principalmente, seguro. Durante as décadas de 70, 80 e 90 as corridas eram bem mais emocionantes, contudo muito mais perigosas. Logo, o viável seria tirar lições de cada grande acidente que houve nesse tempo, sem tirar a principal característica dos carros: a difícil dirigibilidade. E com fatos se prova que os carros dos anos 2000 eram bem mais seguros que os de hoje, como os acidentes de Jules Bianchi e de María de Villota.

A primeira lição da temporada de 2016 é: dinheiro (lê-se Ecclestone) não é o caminho certo para o futuro, e sim os fãs. Nós, fãs, quem fazemos a Fórmula 1.

Guilherme Jamil

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Na última curva! Vai Tony! - NASCAR

Em sua décima sétima temporada na NASCAR, Tony Stewart continua surpreendendo os fãs, assim como as corridas da categoria sempre fizeram. O grande piloto do carro 14 é muito querido pelo público norte-americano. Tricampeão, recentemente apareceu mais fora das pistas com suas polêmicas do que propriamente nas pistas. Contudo, o grande vencedor se aposenta ao final da temporada de 2016 e deixará saudades.

A temporada começou de uma forma desastrosa para Tony. Uma lesão nas costas, devido a um acidente de buggy, o tirou das pistas pelas primeiras oito etapas da temporada, o que reduzia muito suas chances de integrar o Chase (fase final do campeonato, em que apenas 16 pilotos disputam o título). O retrospecto recente do tricampeão ainda sustentava essa hipótese, uma vez que a última vitória de Tony havia sido em 2013 e o piloto ainda não conseguira se classificar para o Chase nos últimos três anos.

Começada sua temporada, Tony vinha sendo mais consistente que nos anos anteriores, aparecendo no grupo dos líderes eventualmente em algum momento da corrida. Porém, sua desvantagem na tabela de classificação era enorme, devido a quantidade de provas perdidas, o que inviabiliza uma classificação do 14 por pontos. Sendo assim, a única alternativa restante seria terminar a 26ª etapa pelo menos na 30ª posição e obter uma vitória, já que o primeiro critério para integrar o grid do Chase é o número de vitórias.

A última etapa da NASCAR foi realizada em Sonoma, um dos dois circuitos mistos da temporada, que tem por característica ser uma das mais imprevisíveis etapas da temporada, justamente por ser diferente dos padrões da categoria (circuitos ovais). A corrida foi protagonizada pelo alto desempenho dos carros da Joe Gibbs - isto é, Kenseth não disputou efetivamente pela vitória - A.J Allmendinger e Martin Truex Jr. Tony estava sempre perto dos líderes, porém estes dominavam a corrida. Em uma estratégia diferente no final, Tony parou antes de todos os outros, garantindo-se, em termos de combustível, até o final da prova. Imediatamente veio a bandeira amarela: como todos ainda fariam mais uma parada nos boxes, Tony assumiu a liderança faltando algo em torno de 20 voltas para o final. A grande questão era se o 14 suportaria uma pressão de Hamlin, que estava em um ritmo muito forte. O carro 11 pressionava incessantemente Tony, até que Truex Jr. (terceiro colocado) se aproximou e começou uma disputa com Hamlin, o que possibilitou a Tony abrir um pouco de vantagem de Hamlin com 7 voltas a serem completadas. Contudo, Hamlin se firmou atrás de Tony e partiu em busca da vitória. O resultado? Sensacional!



Vitória do Smoke! Tony errou na curva sete (como também havia feito na volta anterior no mesmo ponto da pista) e possibilitou a Hamlin uma tentativa de ultrapassagem. Bem sucedida, mas não sem antes um contato. Mas não se passa o grande tricampeão assim sem troco. Quando Hamlin errou na freada da curva 11 (aparentemente deve ter focado no retrovisor para tentar apenas bloquear Tony), Smoke jogou, sem temer o que viria a seguir, seu carro para cima do carro de Hamlin, para assegurar sua primeira vitória nas últimas 84 corridas.

Assim, Tony encaminha um classificação, completamente improvável. Tony está 9 pontos atrás de Brian Scott (30º colocado - posição que Tony precisa assumir para se classificar com uma vitória). Como o critério de desempate, depois das vitórias, é a classificação na tabela de pontuação, a classificação de Stewart estaria seriamente comprometida, devido a sua desvantagem pela sua ausência nas oito primeiras etapas. Contudo, obviamente, isso só aconteceria se 16 pilotos além de Tony vencerem. Restando 10 etapas para a definição dos candidatos ao título, 10 pilotos (além de Tony) já venceram nesta temporada, porém muitos deles venceram mais de uma corrida nos últimos anos, e é para isso que o piloto do 14 torcerá para se classificar.

Relembrando a temporada passada, a corrida de Sonoma também foi marcada por um piloto que passava por uma situação muito semelhante à de Tony: Kyle Busch. Após perder as onze primeiras etapas, "Buschinho" (bem mais em forma que Tony) venceu pela primeira vez na temporada justamente em Sonoma. Porém, o piloto do 18 teve maiores dificuldades em se classificar por retornar às pistas com uma desvantagem, em relação ao 30º colocado na tabela, bem maior que a enfrentada por Tony. Kyle ainda venceria mais três corridas antes do Chase para confirmar sua classificação. De forma surpreendente, ainda venceria a corrida final em Homestead, para se sagrar campeão pela primeira vez.

Outra situação bem semelhante foi a de Jeff Gordon. Também vindo de uma longa sequência sem vitórias (porém bem menor que a de Tony - 39 corridas), outro multicampeão se despedia das pistas naquele ano. Classificado por pontos, Gordon venceu de forma brilhante em Martinsville, o que o garantiu na disputa pelo título na corrida final. Assim como Tony, foi ovacionado por todos, o que rendeu ao ex-piloto do 24 um gigante mosaico em sua homenagem na corrida final.

Porém, após toda essa disputa, contas matemáticas e flashbacks, o que realmente importa é que o Smoke está de volta. E com um pé (ou com três rodas) no Chase. Expectativa de despedida em alto estilo. Valeu Smoke!


Guilherme Jamil

Minas Bowl - Por mais destes!

O esporte contagiante, cuja audiência é uma das que mais crescem no Brasil, teve mais uma empolgante atração em Minas Gerais. Mais de oito mil fãs foram ao Mineirão para acompanhar o Minas Bowl, entre Minas Locomotiva e Get Eagles.



O esporte é muito complexo, inteligente, bruto e disputado, ingredientes que atraiu o público brasileiro recentemente, o que aumentou significativamente os números de espectadores da NFL. A liga norte-americana é a mais especializada e avançada em técnicas e táticas de jogo, tornando o jogo vistoso de se ver. Nota-se hoje organizações de torcida, sites de fãs, transmissões e análises de jogos e um público que realmente curte o esporte, sendo que muitos até torcem para alguns times na liga americana. O próprio Super Bowl se tornou um evento muito popular por aqui.

Nada melhor como ver o esporte que tanto curte ao vivo. Duas excelentes iniciativas deram bons resultados, e altualmente são bem conhecidas em Belo Horizonte. Minas Locomotiva e Get Eagles foram fundados na cidade por amantes do esporte, alguns até de longa data, e recentemente protagonizaram o maior evento desse esporte no estado de Minas Gerais

Chegando ao estádio, era possível notar claramente uma divisão nas torcidas: cada uma possuía sua torcida organizada. Uma atração à parte! Duas torcidas que incentivaram os times durante todo o jogo. Haviam também as cheerleaders (líderes de torcida - sempre presentes em jogos da NFL). Para a entrada dos times, superprodução: os jogadores entravam correndo, rasgando a tela que continha o escudo de seu time, sem contar os holofotes nas cores destes. Quando o Locomotiva entrou houve o apito da locomotiva, o que levou seus fãs ao delírio. Um verdadeiro espetáculo! Na cabine, haviam dois narradores do esporte no Brasil: Rômulo Mendonça e Paulo Mancha (interlocutores da ESPN - narram a NFL para o Brasil), com seus tons bem humorados tornaram o jogo diferente, único. Para sacramentar, houve um show de rock sensacional, com músicas mais antigas, que também agradou bastante o torcedor.

O jogo, tecnicamente, não era o mesmo da NFL, já que os times daqui são recentes e ainda estão em fase de desenvolvimento. Taticamente foi possível notar algumas jogadas bem treinadas, como o jogo de corrida e a ação agressiva da linha defensiva do Minas Locomotiva e o jogo aéreo vertical do Get Eagles. Ambos deram bons resultados, levando o jogo a um equilíbrio técnico.

Apesar do Get Eagles ter se sobressaído no primeiro tempo, principalmente por meio de sua ação defensiva, o Locomotiva se recuperou, após ir para os vestiários zerados, e, com um ataque muito eficiente, conseguiu uma virada sensacional a trinta segundos do fim, principalmente após um desempenho fenomenal do ataque aéreo dos vermelhos. Placar final: 21 a 17 para o Locomotiva. Não podia ser melhor!

O legado que isso deixa é que o esporte cresceu de maneira absurda no Brasil, e muito possivelmente poderá ser comparado às grandes "potências" da bola oval. Realmente surpreendente e muito animador o resultado. Por mais destes!

Guilherme Jamil

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Fórmula 1 respira

Oito corridas se passaram e a previsão vai se confirmando: doutrina da Mercedes. 2016, porém, não têm sido como nos outros anos, uma vez que o nível de competitividade aumentou, assim como o equilíbrio técnico entre as equipes.

O ponto interessante é que não cabe mais a comparação entre equipes, mas sim por pelotões, em que ocorre alguma disputa, troca de posições e emoção para o público. A diferença de estratégias têm voltado a figurar, decidindo corridas, como a de Vettel no Canadá, e Ricciardo (este não uma divergência de estratégias, mas um erro). Contudo, ainda completamente distante daquilo que outrora já foi a categoria.

Em relação ao desempenho das equipes, a Mercedes não evoluiu muito, ao passo que Red Bull e Ferrari se equilibraram e vêm pressionando as "flechas de prata". A Williams não progrediu muito e ainda sofre com problemas financeiros. A Force Índia progrediu bastante e conquistou dois pódios nessa temporada. Toro Rosso têm sido mais figurante na zona de pontuação e seus pilotos, muito observados pelos espectadores e pelos chefes da Red Bull (e Helmut Marko, Max Verstappen que o diga!). As outras equipes (McLaren; MRT; Renault; Haas) foram meras coadjuvantes, sem resultados consistentes. Porém a que impressiona é a Sauber: indiscutível que o terror foi implantado na equipe ao se tratar de termos financeiros, e a clara evidência disso são os pífios resultados, sendo constantemente a pior equipe do grid. Com níveis técnicos mais definidos e próximos, hoje ainda persiste uma previsibilidade no resultados particulares das equipes, porém há uma proximidade maior entre esses, em relação aos anos anteriores (em que apenas o carro fazia a diferença). No geral, é essa a Fórmula 1 de 2016.

A temporada é mais atraente que em anos anteriores, no que tange a competitividade. Somado a isso, a mudança de Max Verstappen para a Red Bull seguida de vitória, os resultados inconstantes de Hamilton e uma aproximação de Ferrari e Red Bull são animadores, tornando essa a melhor temporada dos últimos três anos (quando a categoria passou por mudanças drásticas, que persistem até hoje). Rosberg tem apenas 24 pontos de vantagem para Lewis Hamilton e 45 para Vettel, o que não era visto há muito tempo: uma maior proximidade em relação aos carros da Mercedes. Outro atrativo foi o Grande Prêmio de Baku, uma pista atraente, única no universo da Fórmula 1, com trecho de altíssima velocidade, outro impressionantemente estreito (entre os castelos) e conta com 6 quilômetros de pura emoção.

Contudo, a Fórmula 1 que muitos brasileiros viam ("quando Senna corria...") não é a mesma. O carro, hoje, faz muito mais diferença que anteriormente, além do fato de que o sistema de pontuação não colabora para maior competitividade, além do fato de que o reabastecimento (fator determinante em muitas corridas) hoje se ausenta na categoria (este, porém, é muito discutido, sobre o fato de retornar à categoria). Para 2017, uma grande atração será a "dança das cadeiras" uma vez que Räikkönen deve se aposentar e o futuro de Hamilton na Mercedes é incerto.

Ou seja, a Fórmula 1 apresentou muitas mudanças positivas em relação às temporadas anteriores, mas ainda há pontos simples de serem repensados, que ajudariam a melhorar o esporte. Contudo, há emoção para quem quiser assistir. Não estamos mais na "época de Senna", mas em um caminho certo para atingí-la.

Guilherme Jamil

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Um domingo de Fórmula 1: algo raro!

Longe ainda de ser o que já foi, a Fórmula 1 vem demonstrando "flashes" de sua essência. Contudo, a corrida da Espanha foi um sinal bem forte de esperança, que emocionou a cada um dos verdadeiros fãs do espetáculo.

Em uma categoria terrivelmente má administrada, conseguir um pouco de competitividade é algo fantástico, que já não era visto há algum tempo. Recentemente, a categoria disputada nas pistas e nos boxes passou a ser decidida no poder financeiro, e comprovada ainda nos testes de pré-temporada, que já pré-determinavam os vencedores. Essa tese ainda é muito sustentada para o nível de competitividade hoje visto, porém uma real disputa pela liderança e adrenalina tornaram a vigorar nesse final de semana.

É claro e evidente o absurdo domínio da Mercedes. A expectativa de vitória e até mesmo dobradinha é gigante novamente, pela terceira temporada seguida. Muito provavelmente Hamilton não está em uma situação melhor no campeonato (em relação à Rosberg, pois é o vice-líder, porém muitos pontos atrás) devido a erros individuais e problemas com o carro enfrentados na maioria das corridas esse ano. E Rosberg continua dominante, provocando os fãs a levantarem hipóteses sobre a realidade da conquista do título por parte do alemão.

Comprovando a tese, Hamilton fez a pole e Rosberg completou a primeira fila. Dada a largada, Rosberg sobressaiu-se em relação ao companheiro de equipe, que tentou um contra-ataque, sendo estupidamente agressivo e, com total culpa pelo acidente, arruinando o final de semana das "flechas de prata" logo na terceira curva. Então "começou" a corrida: Red Bull e Ferrari atingindo um altíssimo e equilibrado nível técnico, com os quatro carros travando uma disputa durante as 66 voltas, trazendo de volta o espírito da Fórmula 1. Mais do que belas ultrapassagens, jogo de estratégia e inteligência para controlar uma corrida.

Após o safety-car e o primeiro pit-stop, Vettel logo se aproximou de Ricciardo, e Räikkönen de Verstappen, começando uma disputa de estratégias dentro e fora das equipes. Os quatro pararam aproximadamente na mesma volta, sendo que Vettel retardou um pouco sua parada para se aproximar dos demais (começando a disputa de estratégias). Após algumas voltas de competitividade, Vettel e Ricciardo optaram por adiantar o segundo pit-stop e colocar pneus macios, preferindo velocidade à resistência dos pneus. Já Verstappen e Räikkönen fariam o oposto, na tentativa de fazer um pit-stop a menos. Vettel, porém, teve aparentemente um problema em seu pneu e retornou aos boxes cedo demais, sendo forçado a colocar os pneus mais duros para não precisar parar novamente. Na prática, ficou com os mesmos pneus e com semelhante desgaste de Verstappen e Räikkönen, que fizeram uma parada a menos que Vettel, logo o ultrapassaram. Ricciardo, ao parar pela terceira vez, com pneus mais novos que os três teria grandes chances de vitória, se não fosse Sebastian Vettel, que resistiu bravamente aos ataques do australiano, sendo que por duas vezes quase bateram. Com o sucesso das estratégias de Verstappen e Räikkönen e o "escudo" de Vettel, Verstappen apenas segurou o finlandês nas voltas finais para entrar para a história (o piloto mais jovem a vencer na categoria). Räikkönen e Vettel fecharam o pódio. Ricciardo ainda estouraria o pneu na tentativa de ultrapassar Vettel, mas garantiu a quarta posição. Bottas foi o quinto, mas não teve um desempenho muito bom, ficando muito atrás dos que disputavam efetivamente pela corrida, evidenciando o limite de seu carro. Outro destaque da corrida foi Carlos Sainz Jr. da Toro Rosso, que terminou em sexto, após fazer uma boa largada e alcançar a terceira posição depois da trapalhada das Mercedes.




Uma corrida de Fórmula 1 enfim, o que esperávamos há muito tempo.

Guilherme Jamil