Em uma categoria terrivelmente má administrada, conseguir um pouco de competitividade é algo fantástico, que já não era visto há algum tempo. Recentemente, a categoria disputada nas pistas e nos boxes passou a ser decidida no poder financeiro, e comprovada ainda nos testes de pré-temporada, que já pré-determinavam os vencedores. Essa tese ainda é muito sustentada para o nível de competitividade hoje visto, porém uma real disputa pela liderança e adrenalina tornaram a vigorar nesse final de semana.
É claro e evidente o absurdo domínio da Mercedes. A expectativa de vitória e até mesmo dobradinha é gigante novamente, pela terceira temporada seguida. Muito provavelmente Hamilton não está em uma situação melhor no campeonato (em relação à Rosberg, pois é o vice-líder, porém muitos pontos atrás) devido a erros individuais e problemas com o carro enfrentados na maioria das corridas esse ano. E Rosberg continua dominante, provocando os fãs a levantarem hipóteses sobre a realidade da conquista do título por parte do alemão.
Comprovando a tese, Hamilton fez a pole e Rosberg completou a primeira fila. Dada a largada, Rosberg sobressaiu-se em relação ao companheiro de equipe, que tentou um contra-ataque, sendo estupidamente agressivo e, com total culpa pelo acidente, arruinando o final de semana das "flechas de prata" logo na terceira curva. Então "começou" a corrida: Red Bull e Ferrari atingindo um altíssimo e equilibrado nível técnico, com os quatro carros travando uma disputa durante as 66 voltas, trazendo de volta o espírito da Fórmula 1. Mais do que belas ultrapassagens, jogo de estratégia e inteligência para controlar uma corrida.
Após o safety-car e o primeiro pit-stop, Vettel logo se aproximou de Ricciardo, e Räikkönen de Verstappen, começando uma disputa de estratégias dentro e fora das equipes. Os quatro pararam aproximadamente na mesma volta, sendo que Vettel retardou um pouco sua parada para se aproximar dos demais (começando a disputa de estratégias). Após algumas voltas de competitividade, Vettel e Ricciardo optaram por adiantar o segundo pit-stop e colocar pneus macios, preferindo velocidade à resistência dos pneus. Já Verstappen e Räikkönen fariam o oposto, na tentativa de fazer um pit-stop a menos. Vettel, porém, teve aparentemente um problema em seu pneu e retornou aos boxes cedo demais, sendo forçado a colocar os pneus mais duros para não precisar parar novamente. Na prática, ficou com os mesmos pneus e com semelhante desgaste de Verstappen e Räikkönen, que fizeram uma parada a menos que Vettel, logo o ultrapassaram. Ricciardo, ao parar pela terceira vez, com pneus mais novos que os três teria grandes chances de vitória, se não fosse Sebastian Vettel, que resistiu bravamente aos ataques do australiano, sendo que por duas vezes quase bateram. Com o sucesso das estratégias de Verstappen e Räikkönen e o "escudo" de Vettel, Verstappen apenas segurou o finlandês nas voltas finais para entrar para a história (o piloto mais jovem a vencer na categoria). Räikkönen e Vettel fecharam o pódio. Ricciardo ainda estouraria o pneu na tentativa de ultrapassar Vettel, mas garantiu a quarta posição. Bottas foi o quinto, mas não teve um desempenho muito bom, ficando muito atrás dos que disputavam efetivamente pela corrida, evidenciando o limite de seu carro. Outro destaque da corrida foi Carlos Sainz Jr. da Toro Rosso, que terminou em sexto, após fazer uma boa largada e alcançar a terceira posição depois da trapalhada das Mercedes.
Uma corrida de Fórmula 1 enfim, o que esperávamos há muito tempo.
Guilherme Jamil
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