Há muitos anos já se tornou impossível um grande fã da categoria montar sua própria equipe e realizar o sonho de se tornar campeão mundial. O que dizer então dos próprios pilotos construir o equipamento campeão? Tomando esse rumo, nunca mais existirão Jack Brabham, Bruce McLaren, Graham Hill, Frank Williams, Colin Chapman, Ross Brawn, entre outros que seriam muito mais influentes que um grupo de empresários, engenheiros e pilotos de simulador. Dietrich Mateschitz e Vijay Mallya fizeram seus investimentos na hora certa - e hoje possuem equipes bem sucedidas no grid - visto que equipes recentemente fundadas enfrentam dificuldades financeiras gravíssimas e muitas não se sustentaram na categoria, como foi o caso da HRT e da Caterham além da Haas (do grande proprietário Gene Haas, que é dono de uma equipe de ponta na NASCAR em associação com Tony Stewart, e possui uma maior sustentação no automobilismo graças à isso) e a Manor (que, em tese, também faliu e foi "doada" às equipes de ponta como Mercedes e Ferrari, empregando jovens e promissores pilotos da base dessas equipes em troca de uma ajuda no desenvolvimento de seu carro).
Todos esses problemas com as equipes têm uma causa em comum: os custos estratosféricos para se montar e manter uma equipe competitiva. O diretor da categoria, Bernie Ecclestone, é o grande responsável por toda essa desestruturação da categoria. Atuando como dirigente da categoria desde o final dos anos 70, Bernie Ecclestone passou a negociar os direitos de transmissão das corridas e foi arrecadando cada vez mais com o passar dos anos. Ele se enriquecia cada vez mais e as equipes arcavam com os altos custos. Com a crise financeira de 2008 e a debandada em massa das montadoras, os custos ficaram e empresários não conseguem se sustentar, consequentemente a categoria também não. Apenas Bernie Ecclestone... Bernie se empoderou com a Fórmula 1 e a destruiu para isso. A perspectiva é de decadência exponencial da maior diversão de muitos pelo mundo afora, até que se acabe o reinado de um mísero aproveitador.
Uma das poucas soluções seria uma maior intervenção de ex-pilotos (há alguns que já o fazem, como Jackie Stewart e Niki Lauda), já que estes têm maior experiência e moral para lidar com a situação. Já passa da hora de campeões do mundo controlarem a situação antes que seja tarde demais (se é que já não é) e tragam a Fórmula 1 de volta: com carros mecânicos (com menos protagonismo da aerodinâmica e eletrônica), desenvolvidos por pilotos e engenheiros (e não por proprietários e gerentes), de um custo muito mais baixo e, principalmente, seguro. Durante as décadas de 70, 80 e 90 as corridas eram bem mais emocionantes, contudo muito mais perigosas. Logo, o viável seria tirar lições de cada grande acidente que houve nesse tempo, sem tirar a principal característica dos carros: a difícil dirigibilidade. E com fatos se prova que os carros dos anos 2000 eram bem mais seguros que os de hoje, como os acidentes de Jules Bianchi e de María de Villota.
A primeira lição da temporada de 2016 é: dinheiro (lê-se Ecclestone) não é o caminho certo para o futuro, e sim os fãs. Nós, fãs, quem fazemos a Fórmula 1.
Guilherme Jamil
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