segunda-feira, 23 de novembro de 2015

NASCAR - A volta por cima!

Um dos esportes mais emocionantes atualmente vem confirmando essa tese a cada nova edição. A última, emblemática, memorável, sensacional.

Chegava-se a etapa decisiva do campeonato, tão aguardada o ano inteiro. Os quatro finalistas se alinhavam para disputar a corrida que consagra campeão aquele que desse seleto grupo chega na frente.

Em 2015: Kyle Busch retornava de uma fratura na perna e no pé (...) na décima segunda corrida: uma reação impressionante e um campeonato fenomenal o garantiu na final; Kevin Harvick vinha de um fantástico início de temporada e uma queda de desempenho no final que ainda foi completada por diversas recentes controvérsias, porém não diminuía o talento e a capacidade do piloto que estava pronto para defender o posto de atual campeão; Jeff Gordon não vinha em uma temporada do mesmo alto nível apresentado em 2014, mas era essa muito especial por ser a última do renomado e querido tetracampeão, que perseguia o penta desde 2002, tendo essa chance de fazê-lo real garantida após uma vitória inesquecível em Martinsville, de onde o piloto do 24 guarda excelentes lembranças; o quarto piloto era tão improvável no início da temporada, mas que foi impressionante e excepcional, fora de série, completamente diferente de 2014: Martin Truex Jr. começou a temporada no auge, venceu uma corrida e, após algumas ameaças no Chase, soube dar a volta por cima e se mostrar inteiro e pronto a dar o primeiro título a uma equipe que deve ter começado o campeonato emae garantir no Chase com remotas possibilidades. Não poderia ser mais completo e emocionante.

Quando Kyle Busch teve o acidente em outra categoria da NASCAR, na véspera da corrida inaugural da temporada, a famosíssima Daytona 500, a incerteza sobre seu futuro na temporada de 2015 era tão grande que nem era cogitado para o Chase. Alguns meses depois, era formado o grupo dos dezesseis candidatos ao título, nele presente Kyle Busch, após uma excepcional reação. Pouco era provável que ao final de nove etapas os quatro sobreviventes seriam esses. Era inimaginável que nem Matt Kenseth, nem Jimmie Johnson, nem Joey Logano se classificariam para a fase decisiva. A quebra do eixo traseiro de Jimmie Johnson em Dover, os inúmeros erros de Matt Kenseth em Charlotte, o toque entre Logano e Kenseth a cinco voltas do fim em Kansas e a consecutiva vingança de Kenseth em Logano em Martinsville deixaram os fãs supresos e muitos animados com a real chance do pentacampeonato de Jeff Gordon.

Chega então a hora da verdade. Homestead-Miami sendo mais uma vez o palco da grande decisão. Jeff Gordon começou bem, aproveitando-se de sua boa posição de qualificação. Contudo, como já aconteceu vária vezes no ano, foi perdendo rendimento durante a corrida e não disputou efetivamente a vitória. Martin Truex Jr. não se recuperou de sua posição de largada e foi menos efetivo que Gordon, não fazendo uma boa prova, diferentemente de seu início de temporada. O fato é que a disputa pelo título ocorreu na pista durante boa parte da corrida entre Kevin Harvick e Kyle Busch. Os dois carros bem acertados e a vontade de vencer fizeram com que permanecessem no "Top 3" na maior parte da corrida. Kyle Busch se mostrava mais inteiro e Harvick não teve um desempenho a altura de vencer o piloto do 18 que, soberbo, ainda ultrapassou Keselowski, que liderava a prova no momento, na última relargada, vencendo sua primeira corrida no Chase em toda sua carreira e um inacreditável título.

Foi impressionante como o imaturo e desastrado piloto dos últimos anos, que sempre era cogitado como uma boa aposta mas perdia muito rendimento no Chase, soube retornar triunfante após quebrar a perna e o pé (...) e perder onze corridas. As quatro vitórias em cinco corridas na hora em que mais delas precisava mostrava que Kyle Busch estava mais maduro, confiante e determinado que nos demais anos. O título foi mais do que merecido, visto que " Buschinho" soube responder a altura quando seriamente pressionado, o que nunca conseguiu fazer nos anos anteriores. Sempre "amarelão" ou "cavalo paraguaio" reverte de forma brilhante a situação.

Merece ser enaltecido também o desempenho de toda a equipe Joe Gibbs. O começo do ano seria muio conturbado devido à entrada de Carl Edwards na equipe. O acidente de Kyle Busch foi muito preocupante e a equipe foi vencer apenas na sexta e na décima segunda etapa no início da temporada. Mas o fantástico desempenho de 10 vitórias em 12 corridas foi determinante, e chegou a ser cogitada a hipótese de os quatro pilotos da equipe - Matt Kenseth; Denny Hamlin; Kyle Busch; Carl Edwards - serem os quatro finalistas. Obviamente seria muito improvável, visto que um único acidente no Chase pode significar a eliminação, como ocorreu com Kenseth e Hamlin. Mas Kyle Busch e a Joe Gibbs foram batalhadores e fenomenais este ano. O título foi bem encaminhado. Certamente um campeonato para entrar para a história.

Chegou ao fim mais uma temporada, o domínio de Harvick, o fim do jejum de títulos de Kyle Busch e também uma carreira estupenda, fenomenal composta de quatro títulos. Jeff Gordon aposenta no auge, perto do penta, com reais chances de conquistá-lo em sua corrida de despedida. O slogan "twenty four-ever" mostra o prestígio adquirido pelo grande piloto que será eternizado na história da NASCAR, entretanto as próximas corridas sentirão sua falta.

Que venham mais temporadas como essa. Adeus Jeff Gordon e parabéns Kyle Busch! 

sábado, 7 de novembro de 2015

NASCAR - Surpresa!

A cada novo capítulo da novela, o final se aproxima, provocando uma ansiedade em fãs e pilotos, e se complica cada vez mais.

Martinsville foi o palco da continuação da polêmica entre Matt Kenseth e Joey Logano. Após o contato entre ambos que tirou de Kenseth sua vitória e a chance do título em Kansas, este afirmou que "descontaria" em Logano, como fez na última corrida e complicou muito a situação do piloto do 22.

Há vários pontos de vistas, opiniões e de deduções que levam a entender ambos. Realmente Logano não precisava da vitória e poderia entender que Kenseth estava em situação desesperadora. Porém, Matt Kenseth acabou sendo imprudente, fechando Logano após se deparar com retardatários a sua frente. Nada que fosse ilegal ou mal-intencionado, mas muito competitivo. Logano poderia ainda ter diminuído a velocidade ou evitado um maior contato, entretanto não há como julgá-lo. Afinal tratava-se da disputa pela liderança a cinco voltas do final da corrida que, naquelas circunstâncias, certamente definiria um consagrado vencedor. Caso Logano aceitasse demais a situação de Kenseth não teria a emoção presente em cada corrida, e, logo, não a poderíamos chamar de NASCAR. Realmente no Chase deve-se esquecer que esta fase do campeonato existe, e apenas focar como se cada corrida fosse a mais importante, pois não deve haver um certo favorecimento aos concorrentes do título. Em um fato paralelo, em 2014 na etapa de Phoenix, Jeff Gordon foi eliminado por 1 ponto, conquistado por Ryan Newman na última curva, quando passou Kyle Larson, que bateu no muro. Após a prova, Larson disse em uma entrevista: "I understand Newman's situation" (eu entendo a situação de Newman), afirmando que cedeu a posição para Newman avançar à corrida final como um concorrente ao título.

Matt Kenseth, porém, não se convenceu de que Logano não fora mal-intencionado ao provocar o incidente que culminou na eliminação do 20 do Chase. Para ele, o choque foi o suficiente para o fazer perder a paciência com Logano e o jogar para o muro, literalmente, a 50 voltas do fim, em Martinsville. Sérgio Lago e Thiago Alves, narrador e comentarista do Fox Sports nessa corrida, novamente fizeram ótimas inferências. Disseram que entendiam e até esperavam que Kenseth se vingasse de Logano, contudo, obviamente, não concordavam e condenavam a ação do piloto da equipe Joe Gibbs. Durante a transmissão foi comentado que o curso da história do campeonato foi alterado por causa do acidente, o que realmente faz com que a suspensão das duas próximas corridas aplicada a Kenseth fosse justa.

Relembrando o fato de 2014 envolvendo Larson, Newman e Gordon, a história do campeonato também foi alterada, e o caso poderia, na mais branda das hipóteses, ser analisado, como foi o de Kenseth e Logano. Obviamente são situações muito diferentes, mas novas regras de competição para o Chase poderiam, consequentemente, até ser feitas, para evitar que incidentes resolvam um campeonato.

Em relação ao público, foi ao delírio. Concordavam com Kenseth? Muitos, sim. Muitos, não. Entretanto é inegável o fato de que o incidente foi emocionante e excitante. Até porque Jeff Gordon acabou sendo beneficiado e venceu a prova, classificando-se para a corrida final em Homestead em sua temporada de despedida da categoria, após uma excepcional e brilhante carreira. Isso sim, quase unânime, o público queria ver.

Inegável é também o fato de que a NASCAR é uma categoria automobilística diferenciada e especial por apresentar disputas mais intensas, mais emoção e competitividade, às vezes até demais. Porém, muito melhor um campeonato mais intenso e vingativo é, do que se fosse uma corrida de se entender a situação do adversário.

Na verdade, a real situação do adversário na NASCAR é que ele pode ganhar de qualquer um, e fará o possível para isso. Conflitos como esse são sinais de vida para o público.

Guilherme Jamil