O ponto interessante é que não cabe mais a comparação entre equipes, mas sim por pelotões, em que ocorre alguma disputa, troca de posições e emoção para o público. A diferença de estratégias têm voltado a figurar, decidindo corridas, como a de Vettel no Canadá, e Ricciardo (este não uma divergência de estratégias, mas um erro). Contudo, ainda completamente distante daquilo que outrora já foi a categoria.
Em relação ao desempenho das equipes, a Mercedes não evoluiu muito, ao passo que Red Bull e Ferrari se equilibraram e vêm pressionando as "flechas de prata". A Williams não progrediu muito e ainda sofre com problemas financeiros. A Force Índia progrediu bastante e conquistou dois pódios nessa temporada. Toro Rosso têm sido mais figurante na zona de pontuação e seus pilotos, muito observados pelos espectadores e pelos chefes da Red Bull (e Helmut Marko, Max Verstappen que o diga!). As outras equipes (McLaren; MRT; Renault; Haas) foram meras coadjuvantes, sem resultados consistentes. Porém a que impressiona é a Sauber: indiscutível que o terror foi implantado na equipe ao se tratar de termos financeiros, e a clara evidência disso são os pífios resultados, sendo constantemente a pior equipe do grid. Com níveis técnicos mais definidos e próximos, hoje ainda persiste uma previsibilidade no resultados particulares das equipes, porém há uma proximidade maior entre esses, em relação aos anos anteriores (em que apenas o carro fazia a diferença). No geral, é essa a Fórmula 1 de 2016.
A temporada é mais atraente que em anos anteriores, no que tange a competitividade. Somado a isso, a mudança de Max Verstappen para a Red Bull seguida de vitória, os resultados inconstantes de Hamilton e uma aproximação de Ferrari e Red Bull são animadores, tornando essa a melhor temporada dos últimos três anos (quando a categoria passou por mudanças drásticas, que persistem até hoje). Rosberg tem apenas 24 pontos de vantagem para Lewis Hamilton e 45 para Vettel, o que não era visto há muito tempo: uma maior proximidade em relação aos carros da Mercedes. Outro atrativo foi o Grande Prêmio de Baku, uma pista atraente, única no universo da Fórmula 1, com trecho de altíssima velocidade, outro impressionantemente estreito (entre os castelos) e conta com 6 quilômetros de pura emoção.
Contudo, a Fórmula 1 que muitos brasileiros viam ("quando Senna corria...") não é a mesma. O carro, hoje, faz muito mais diferença que anteriormente, além do fato de que o sistema de pontuação não colabora para maior competitividade, além do fato de que o reabastecimento (fator determinante em muitas corridas) hoje se ausenta na categoria (este, porém, é muito discutido, sobre o fato de retornar à categoria). Para 2017, uma grande atração será a "dança das cadeiras" uma vez que Räikkönen deve se aposentar e o futuro de Hamilton na Mercedes é incerto.
Ou seja, a Fórmula 1 apresentou muitas mudanças positivas em relação às temporadas anteriores, mas ainda há pontos simples de serem repensados, que ajudariam a melhorar o esporte. Contudo, há emoção para quem quiser assistir. Não estamos mais na "época de Senna", mas em um caminho certo para atingí-la.
Guilherme Jamil
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