Obviamente a Fórmula 1 já foi muito mais do que é hoje, tanto em termos de competitividade como em audiência, etc.. Visivelmente as corridas de hoje em dia não são as mesmas de anos atrás em que vários carros de desempenhos muito semelhantes disputavam cada curva, cada metro da pista, cada segundo e todas as corridas eram um verdadeiro espetáculo de competição automobilística do mais alto nível. Entretanto, todo grande fã do esporte, independentemente de politicagem, regras e punições estúpidas, alto emprego de tecnologias que diferenciam muito o desempenho dos carros e outros semelhantes fatores, se comoveu com o campeonato. A cada etapa do calendário o cenário mudava, e mesmo que apenas entre pilotos em circunstâncias parecidas, Hamilton e Rosberg trouxeram fortes reminiscências de campeonatos outrora já vistos. Pessoalmente, confesso que poucas vezes presenciei uma disputa pelo título até as últimas curvas do ano, e para quem fica na expectativa durante semanas para a próxima corrida, há poucas sensações melhores.
Particularmente defendo a atuação de Hamilton para tentar garantir o tetra campeonato. É justo que o líder controle o ritmo da corrida, assim como no futebol, na NFL, baseball e basquete, o time que possui a vitória parcial pode adotar a estratégia de controlar melhor o rumo da partida em seu favor. Claramente em um ritmo mais lento do que o próprio limite, O inglês tinha plena consciência da vantagem de sua máquina (e da de Rosberg) em relação às demais. Para não depender de um erro grotesco de Nico para se sagrar campeão, a decisão de Hamilton de focar no título e não na vitória é completamente compreensível, uma vez que ser campeão está acima de qualquer vitória para a maioria dos que possuem o sonho de tal glória, e certamente para Lewis. Compreendo o julgamento por parte dos espectadores como atitude antidesportiva, mas pessoalmente não a julgo como tal, partindo do pressuposto que foi apenas a estratégia legalmente permitida adotada por Hamilton.
A Fórmula 1 se despede de 2016 muito mais fortalecida em relação à etapa de Melbourne. Foi mostrado para o mundo inteiro um verdadeiro espetáculo de pilotagem em inúmeras ocasiões (com menção honrosa para o GP do Brasil, dada as circunstâncias meteorológicas), o que realmente contagia o público. 2016 foi um ano de quebra de recorde por parte da Mercedes: 19 vitórias em uma temporada, história sendo escrita. Um campeão inédito, traçando os traços do pai Keke, Nico escrev seu nome nas memórias do esporte ao repetir o feito de Damon Hill. Uma gigante ascensão por parte da Red Bull e com destaque para todo o time de Christian Horner, que fez o carro evoluir, mas também os pilotos, sobretudo Verstappen. A apresentação do circuito único e muito desafiador de Baku, que indubitavelmente apresenta enorme potencial para proporcionar eventos históricos. Infelizmente também foi um ano de despedidas (Button e Massa), que certamente farão muita falta ao paddock dos GPs. A ascensão dos jovens também merece ser destacada, como o derradeiro desempenho de Nasr na "corrida da casa", garantindo o suporte que sua equipe tanto necessitava.
Com a expectativa para 2017 desse nível, só o grande fã do automobilismo e a própria Fórmula 1 tendem a ganhar. Ainda se tem muito a evoluir, mas muito obrigado ao circo de 2016!
Guilherme Jamil