A temporada começou de uma forma desastrosa para Tony. Uma lesão nas costas, devido a um acidente de buggy, o tirou das pistas pelas primeiras oito etapas da temporada, o que reduzia muito suas chances de integrar o Chase (fase final do campeonato, em que apenas 16 pilotos disputam o título). O retrospecto recente do tricampeão ainda sustentava essa hipótese, uma vez que a última vitória de Tony havia sido em 2013 e o piloto ainda não conseguira se classificar para o Chase nos últimos três anos.
Começada sua temporada, Tony vinha sendo mais consistente que nos anos anteriores, aparecendo no grupo dos líderes eventualmente em algum momento da corrida. Porém, sua desvantagem na tabela de classificação era enorme, devido a quantidade de provas perdidas, o que inviabiliza uma classificação do 14 por pontos. Sendo assim, a única alternativa restante seria terminar a 26ª etapa pelo menos na 30ª posição e obter uma vitória, já que o primeiro critério para integrar o grid do Chase é o número de vitórias.
A última etapa da NASCAR foi realizada em Sonoma, um dos dois circuitos mistos da temporada, que tem por característica ser uma das mais imprevisíveis etapas da temporada, justamente por ser diferente dos padrões da categoria (circuitos ovais). A corrida foi protagonizada pelo alto desempenho dos carros da Joe Gibbs - isto é, Kenseth não disputou efetivamente pela vitória - A.J Allmendinger e Martin Truex Jr. Tony estava sempre perto dos líderes, porém estes dominavam a corrida. Em uma estratégia diferente no final, Tony parou antes de todos os outros, garantindo-se, em termos de combustível, até o final da prova. Imediatamente veio a bandeira amarela: como todos ainda fariam mais uma parada nos boxes, Tony assumiu a liderança faltando algo em torno de 20 voltas para o final. A grande questão era se o 14 suportaria uma pressão de Hamlin, que estava em um ritmo muito forte. O carro 11 pressionava incessantemente Tony, até que Truex Jr. (terceiro colocado) se aproximou e começou uma disputa com Hamlin, o que possibilitou a Tony abrir um pouco de vantagem de Hamlin com 7 voltas a serem completadas. Contudo, Hamlin se firmou atrás de Tony e partiu em busca da vitória. O resultado? Sensacional!
Vitória do Smoke! Tony errou na curva sete (como também havia feito na volta anterior no mesmo ponto da pista) e possibilitou a Hamlin uma tentativa de ultrapassagem. Bem sucedida, mas não sem antes um contato. Mas não se passa o grande tricampeão assim sem troco. Quando Hamlin errou na freada da curva 11 (aparentemente deve ter focado no retrovisor para tentar apenas bloquear Tony), Smoke jogou, sem temer o que viria a seguir, seu carro para cima do carro de Hamlin, para assegurar sua primeira vitória nas últimas 84 corridas.
Assim, Tony encaminha um classificação, completamente improvável. Tony está 9 pontos atrás de Brian Scott (30º colocado - posição que Tony precisa assumir para se classificar com uma vitória). Como o critério de desempate, depois das vitórias, é a classificação na tabela de pontuação, a classificação de Stewart estaria seriamente comprometida, devido a sua desvantagem pela sua ausência nas oito primeiras etapas. Contudo, obviamente, isso só aconteceria se 16 pilotos além de Tony vencerem. Restando 10 etapas para a definição dos candidatos ao título, 10 pilotos (além de Tony) já venceram nesta temporada, porém muitos deles venceram mais de uma corrida nos últimos anos, e é para isso que o piloto do 14 torcerá para se classificar.
Relembrando a temporada passada, a corrida de Sonoma também foi marcada por um piloto que passava por uma situação muito semelhante à de Tony: Kyle Busch. Após perder as onze primeiras etapas, "Buschinho" (bem mais em forma que Tony) venceu pela primeira vez na temporada justamente em Sonoma. Porém, o piloto do 18 teve maiores dificuldades em se classificar por retornar às pistas com uma desvantagem, em relação ao 30º colocado na tabela, bem maior que a enfrentada por Tony. Kyle ainda venceria mais três corridas antes do Chase para confirmar sua classificação. De forma surpreendente, ainda venceria a corrida final em Homestead, para se sagrar campeão pela primeira vez.
Outra situação bem semelhante foi a de Jeff Gordon. Também vindo de uma longa sequência sem vitórias (porém bem menor que a de Tony - 39 corridas), outro multicampeão se despedia das pistas naquele ano. Classificado por pontos, Gordon venceu de forma brilhante em Martinsville, o que o garantiu na disputa pelo título na corrida final. Assim como Tony, foi ovacionado por todos, o que rendeu ao ex-piloto do 24 um gigante mosaico em sua homenagem na corrida final.
Porém, após toda essa disputa, contas matemáticas e flashbacks, o que realmente importa é que o Smoke está de volta. E com um pé (ou com três rodas) no Chase. Expectativa de despedida em alto estilo. Valeu Smoke!
Guilherme Jamil