quarta-feira, 29 de junho de 2016

Na última curva! Vai Tony! - NASCAR

Em sua décima sétima temporada na NASCAR, Tony Stewart continua surpreendendo os fãs, assim como as corridas da categoria sempre fizeram. O grande piloto do carro 14 é muito querido pelo público norte-americano. Tricampeão, recentemente apareceu mais fora das pistas com suas polêmicas do que propriamente nas pistas. Contudo, o grande vencedor se aposenta ao final da temporada de 2016 e deixará saudades.

A temporada começou de uma forma desastrosa para Tony. Uma lesão nas costas, devido a um acidente de buggy, o tirou das pistas pelas primeiras oito etapas da temporada, o que reduzia muito suas chances de integrar o Chase (fase final do campeonato, em que apenas 16 pilotos disputam o título). O retrospecto recente do tricampeão ainda sustentava essa hipótese, uma vez que a última vitória de Tony havia sido em 2013 e o piloto ainda não conseguira se classificar para o Chase nos últimos três anos.

Começada sua temporada, Tony vinha sendo mais consistente que nos anos anteriores, aparecendo no grupo dos líderes eventualmente em algum momento da corrida. Porém, sua desvantagem na tabela de classificação era enorme, devido a quantidade de provas perdidas, o que inviabiliza uma classificação do 14 por pontos. Sendo assim, a única alternativa restante seria terminar a 26ª etapa pelo menos na 30ª posição e obter uma vitória, já que o primeiro critério para integrar o grid do Chase é o número de vitórias.

A última etapa da NASCAR foi realizada em Sonoma, um dos dois circuitos mistos da temporada, que tem por característica ser uma das mais imprevisíveis etapas da temporada, justamente por ser diferente dos padrões da categoria (circuitos ovais). A corrida foi protagonizada pelo alto desempenho dos carros da Joe Gibbs - isto é, Kenseth não disputou efetivamente pela vitória - A.J Allmendinger e Martin Truex Jr. Tony estava sempre perto dos líderes, porém estes dominavam a corrida. Em uma estratégia diferente no final, Tony parou antes de todos os outros, garantindo-se, em termos de combustível, até o final da prova. Imediatamente veio a bandeira amarela: como todos ainda fariam mais uma parada nos boxes, Tony assumiu a liderança faltando algo em torno de 20 voltas para o final. A grande questão era se o 14 suportaria uma pressão de Hamlin, que estava em um ritmo muito forte. O carro 11 pressionava incessantemente Tony, até que Truex Jr. (terceiro colocado) se aproximou e começou uma disputa com Hamlin, o que possibilitou a Tony abrir um pouco de vantagem de Hamlin com 7 voltas a serem completadas. Contudo, Hamlin se firmou atrás de Tony e partiu em busca da vitória. O resultado? Sensacional!



Vitória do Smoke! Tony errou na curva sete (como também havia feito na volta anterior no mesmo ponto da pista) e possibilitou a Hamlin uma tentativa de ultrapassagem. Bem sucedida, mas não sem antes um contato. Mas não se passa o grande tricampeão assim sem troco. Quando Hamlin errou na freada da curva 11 (aparentemente deve ter focado no retrovisor para tentar apenas bloquear Tony), Smoke jogou, sem temer o que viria a seguir, seu carro para cima do carro de Hamlin, para assegurar sua primeira vitória nas últimas 84 corridas.

Assim, Tony encaminha um classificação, completamente improvável. Tony está 9 pontos atrás de Brian Scott (30º colocado - posição que Tony precisa assumir para se classificar com uma vitória). Como o critério de desempate, depois das vitórias, é a classificação na tabela de pontuação, a classificação de Stewart estaria seriamente comprometida, devido a sua desvantagem pela sua ausência nas oito primeiras etapas. Contudo, obviamente, isso só aconteceria se 16 pilotos além de Tony vencerem. Restando 10 etapas para a definição dos candidatos ao título, 10 pilotos (além de Tony) já venceram nesta temporada, porém muitos deles venceram mais de uma corrida nos últimos anos, e é para isso que o piloto do 14 torcerá para se classificar.

Relembrando a temporada passada, a corrida de Sonoma também foi marcada por um piloto que passava por uma situação muito semelhante à de Tony: Kyle Busch. Após perder as onze primeiras etapas, "Buschinho" (bem mais em forma que Tony) venceu pela primeira vez na temporada justamente em Sonoma. Porém, o piloto do 18 teve maiores dificuldades em se classificar por retornar às pistas com uma desvantagem, em relação ao 30º colocado na tabela, bem maior que a enfrentada por Tony. Kyle ainda venceria mais três corridas antes do Chase para confirmar sua classificação. De forma surpreendente, ainda venceria a corrida final em Homestead, para se sagrar campeão pela primeira vez.

Outra situação bem semelhante foi a de Jeff Gordon. Também vindo de uma longa sequência sem vitórias (porém bem menor que a de Tony - 39 corridas), outro multicampeão se despedia das pistas naquele ano. Classificado por pontos, Gordon venceu de forma brilhante em Martinsville, o que o garantiu na disputa pelo título na corrida final. Assim como Tony, foi ovacionado por todos, o que rendeu ao ex-piloto do 24 um gigante mosaico em sua homenagem na corrida final.

Porém, após toda essa disputa, contas matemáticas e flashbacks, o que realmente importa é que o Smoke está de volta. E com um pé (ou com três rodas) no Chase. Expectativa de despedida em alto estilo. Valeu Smoke!


Guilherme Jamil

Minas Bowl - Por mais destes!

O esporte contagiante, cuja audiência é uma das que mais crescem no Brasil, teve mais uma empolgante atração em Minas Gerais. Mais de oito mil fãs foram ao Mineirão para acompanhar o Minas Bowl, entre Minas Locomotiva e Get Eagles.



O esporte é muito complexo, inteligente, bruto e disputado, ingredientes que atraiu o público brasileiro recentemente, o que aumentou significativamente os números de espectadores da NFL. A liga norte-americana é a mais especializada e avançada em técnicas e táticas de jogo, tornando o jogo vistoso de se ver. Nota-se hoje organizações de torcida, sites de fãs, transmissões e análises de jogos e um público que realmente curte o esporte, sendo que muitos até torcem para alguns times na liga americana. O próprio Super Bowl se tornou um evento muito popular por aqui.

Nada melhor como ver o esporte que tanto curte ao vivo. Duas excelentes iniciativas deram bons resultados, e altualmente são bem conhecidas em Belo Horizonte. Minas Locomotiva e Get Eagles foram fundados na cidade por amantes do esporte, alguns até de longa data, e recentemente protagonizaram o maior evento desse esporte no estado de Minas Gerais

Chegando ao estádio, era possível notar claramente uma divisão nas torcidas: cada uma possuía sua torcida organizada. Uma atração à parte! Duas torcidas que incentivaram os times durante todo o jogo. Haviam também as cheerleaders (líderes de torcida - sempre presentes em jogos da NFL). Para a entrada dos times, superprodução: os jogadores entravam correndo, rasgando a tela que continha o escudo de seu time, sem contar os holofotes nas cores destes. Quando o Locomotiva entrou houve o apito da locomotiva, o que levou seus fãs ao delírio. Um verdadeiro espetáculo! Na cabine, haviam dois narradores do esporte no Brasil: Rômulo Mendonça e Paulo Mancha (interlocutores da ESPN - narram a NFL para o Brasil), com seus tons bem humorados tornaram o jogo diferente, único. Para sacramentar, houve um show de rock sensacional, com músicas mais antigas, que também agradou bastante o torcedor.

O jogo, tecnicamente, não era o mesmo da NFL, já que os times daqui são recentes e ainda estão em fase de desenvolvimento. Taticamente foi possível notar algumas jogadas bem treinadas, como o jogo de corrida e a ação agressiva da linha defensiva do Minas Locomotiva e o jogo aéreo vertical do Get Eagles. Ambos deram bons resultados, levando o jogo a um equilíbrio técnico.

Apesar do Get Eagles ter se sobressaído no primeiro tempo, principalmente por meio de sua ação defensiva, o Locomotiva se recuperou, após ir para os vestiários zerados, e, com um ataque muito eficiente, conseguiu uma virada sensacional a trinta segundos do fim, principalmente após um desempenho fenomenal do ataque aéreo dos vermelhos. Placar final: 21 a 17 para o Locomotiva. Não podia ser melhor!

O legado que isso deixa é que o esporte cresceu de maneira absurda no Brasil, e muito possivelmente poderá ser comparado às grandes "potências" da bola oval. Realmente surpreendente e muito animador o resultado. Por mais destes!

Guilherme Jamil

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Fórmula 1 respira

Oito corridas se passaram e a previsão vai se confirmando: doutrina da Mercedes. 2016, porém, não têm sido como nos outros anos, uma vez que o nível de competitividade aumentou, assim como o equilíbrio técnico entre as equipes.

O ponto interessante é que não cabe mais a comparação entre equipes, mas sim por pelotões, em que ocorre alguma disputa, troca de posições e emoção para o público. A diferença de estratégias têm voltado a figurar, decidindo corridas, como a de Vettel no Canadá, e Ricciardo (este não uma divergência de estratégias, mas um erro). Contudo, ainda completamente distante daquilo que outrora já foi a categoria.

Em relação ao desempenho das equipes, a Mercedes não evoluiu muito, ao passo que Red Bull e Ferrari se equilibraram e vêm pressionando as "flechas de prata". A Williams não progrediu muito e ainda sofre com problemas financeiros. A Force Índia progrediu bastante e conquistou dois pódios nessa temporada. Toro Rosso têm sido mais figurante na zona de pontuação e seus pilotos, muito observados pelos espectadores e pelos chefes da Red Bull (e Helmut Marko, Max Verstappen que o diga!). As outras equipes (McLaren; MRT; Renault; Haas) foram meras coadjuvantes, sem resultados consistentes. Porém a que impressiona é a Sauber: indiscutível que o terror foi implantado na equipe ao se tratar de termos financeiros, e a clara evidência disso são os pífios resultados, sendo constantemente a pior equipe do grid. Com níveis técnicos mais definidos e próximos, hoje ainda persiste uma previsibilidade no resultados particulares das equipes, porém há uma proximidade maior entre esses, em relação aos anos anteriores (em que apenas o carro fazia a diferença). No geral, é essa a Fórmula 1 de 2016.

A temporada é mais atraente que em anos anteriores, no que tange a competitividade. Somado a isso, a mudança de Max Verstappen para a Red Bull seguida de vitória, os resultados inconstantes de Hamilton e uma aproximação de Ferrari e Red Bull são animadores, tornando essa a melhor temporada dos últimos três anos (quando a categoria passou por mudanças drásticas, que persistem até hoje). Rosberg tem apenas 24 pontos de vantagem para Lewis Hamilton e 45 para Vettel, o que não era visto há muito tempo: uma maior proximidade em relação aos carros da Mercedes. Outro atrativo foi o Grande Prêmio de Baku, uma pista atraente, única no universo da Fórmula 1, com trecho de altíssima velocidade, outro impressionantemente estreito (entre os castelos) e conta com 6 quilômetros de pura emoção.

Contudo, a Fórmula 1 que muitos brasileiros viam ("quando Senna corria...") não é a mesma. O carro, hoje, faz muito mais diferença que anteriormente, além do fato de que o sistema de pontuação não colabora para maior competitividade, além do fato de que o reabastecimento (fator determinante em muitas corridas) hoje se ausenta na categoria (este, porém, é muito discutido, sobre o fato de retornar à categoria). Para 2017, uma grande atração será a "dança das cadeiras" uma vez que Räikkönen deve se aposentar e o futuro de Hamilton na Mercedes é incerto.

Ou seja, a Fórmula 1 apresentou muitas mudanças positivas em relação às temporadas anteriores, mas ainda há pontos simples de serem repensados, que ajudariam a melhorar o esporte. Contudo, há emoção para quem quiser assistir. Não estamos mais na "época de Senna", mas em um caminho certo para atingí-la.

Guilherme Jamil